quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Síndrome dos vinte e tal anos


Aos vinte e tal anos o dia do aniversário deixa de ser o dia mais desejado do ano. Parabéns é só a palavra que lembra que estamos mais velhos e não aquela que nos alegra porque o dia em que vamos ter a carta de condução na mão está mais perto.
Aos vinte e tal anos beber um copo é a solução para ter companhia, tomar um café é a desculpa para dois dedos de prosa. Sair três vezes por cada fim-de-semana pode ser cansativo e o salário que as pessoas que têm vinte e tal anos recebem é pouco para um fino ao final da tarde, quanto mais para uma longa noite regada a sete vodkas.
Aos vinte e tal anos o círculo de amigos é mais fechado. As multidões tornam-se incómodas. As gargalhadas são mais genuínas e as lágrimas, apesar de serem menos, carregam mais dor.

Carreira, créditos, casa, carro, dinheiro, são palavras que assumem um novo significado quando se tem vinte e tal anos. Os amigos, as namoradas dos amigos e os seus planos de casamento assustam quem tem vinte e tal anos.

Aos vinte e tal anos já ninguém acredita que pode mudar o mundo, mas ainda poucos se convenceram que não têm super poderes.
Aos vinte e tal anos... bem, aos vinte e tal anos pensa-se nos quinze e nos dezasseis como se tivessem sido ontem, o que quer dizer que os trinta vêm amanhã, assim, sem pedir licença, num abrir e fechar de olhos.
 
Andreia Moreira

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Fitas e frases #1

Não me ficava nada mal inaugurar este espaço com deixas de um dos clássicos da sétima arte, ou então com juras de amor eterno declamadas num romance que comoveu muitos corações apaixonados. Optei por American Pie - 2 e a Regra de três para a estreia.
 
 



"Quando uma rapariga diz com quantos rapazes dormiu, multiplique esse número por três para ter o número real." - Stifler
 
"É a regra de três. O rapaz diz com quantas raparigas dormiu, o número verdadeiro anda muito longe. Divide isso por três e tens o número real." - Jessica
 
Uma questão a estudar.;)
 
Andreia Moreira




domingo, 26 de agosto de 2012

30 Segundos

Pois é, o “cinicamente-correto” está mesmo na moda.

Este fim-de-semana, ainda sem perceber muito bem como ou porquê, a “pseudo-crónica” de Margarida Rebelo Pinto, escritora que dispensa apresentações junto do público feminino, publicada no semanário SOL há quase dois anos, voltou a ser assunto e publicação em tudo o que é perfil de Facebook. A jornalista escreve sobre “As gordinhas e as outras” de uma forma fria e impiedosa, transformando aquilo que deveria ser uma crónica num “ataque” ao grupo de mulheres de formas volumosas. Tenho para mim que a autora da publicação comete três erros graves:
 
- Divisão ridícula - a forma rude como pensa o assunto leva-a a criar uma divisão entre “as gordas” e “as giras”, o que implica que todas as gordas sejam feias e todas as magras sejam giras – erro grave. Todos sabemos que existem por aí gordinhas muito giras e magras piores que camafeus.
 
- Generalização precipitada – Os comportamentos e os traços de personalidade que a escritora aponta como característicos das gordinhas não se aplicam nem a um terço dos casos – alguma sensibilidade sociológica teria ajudado a autora a perceber isso.
 
- A gota de água – os conselhos que fazem o último parágrafo são, no mínimo, ridículos.

                Sem fazer qualquer juízo de valor sobre a personalidade em causa, apetece-me comentar a polémica que se tem gerado em torno do assunto. Não me apetece encarar o papel de “advogada do diabo” mas será que aqueles que tanto comentam o assunto e atentam contra a escritora nunca pensaram como ela? Será que nunca opinaram negativamente sobre alguém por esse mesmo ter uns quilos a mais? Bem, a verdade eu não sei, mas tenho as minhas dúvidas. Não me parece que o número de pessoas que valoriza o conteúdo e menospreza a imagem seja tão elevado como se tem dado a mostrar nas últimas horas. Tenho cá para mim que grande parte dos “comentadores” está só a agir da forma esperada, da forma “cinicamente- correta”, escondendo os seus pensamentos “pecaminosos” e mantendo-se assim longe da crítica social. Certamente 99,9% deles já disse de forma convicta que “uma imagem vale mais que mil palavras”.

Não querendo contrariar o Confúcio (paz à sua alma), nem adotar uma postura de adepta da futilidade tenho a dizer uma coisa: a imagem importa, importa muito e desengane-se quem tenta acreditar ou convencer-se do contrário. É a partir dela que construímos e damos a construir as primeiras impressões, as que prevalecem durante mais tempo, e não é por gritarmos aos quatro ventos “Viva a essência!” que essa realidade cientificamente estudada e divulgada vai se alterar.

30 segundos é o tempo necessário para formarmos uma primeira impressão. Esse curto espaço de tempo tem que ser o suficiente para, mais do que impressionar, cativar o outro e semear nele o interesse pela nossa pessoa. Será que em meio minuto há tempo que chegue para mostrar as crenças, os ideais, as qualidades, os saberes, os ensinamentos...eu quase que precisava mais de 30 segundos para elencar aqui esses aspetos.

Ninguém é só imagem e mais importante do que saber admirar as linhas do corpo é saber prezar os traços da alma, mas uma coisa leva à outra. Talvez a solução passe por um duplo investimento: imagem e conteúdo. Há tempo para correr e para ler, para ir ao ginásio e ao cinema, para tonificar o corpo e a mente e estabelecer uma conexão sadia entre ambos, para não ter vergonha de nenhum dos dois. 
 
Andreia Moreira
 
 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

iPhoneography – a arte que cabe no bolso (de quem tem um iPhone)


Daniel Fonseca, com o seu iPhone, fotografou Lisboa e tem hoje as fotografias em exposição no Pois, Café.

Para os amantes da fotografia pode não ser tarefa fácil imaginar que a partir de um iPhone se podem conseguir imagens com uma qualidade de excelência. A verdade é que tal é possível e as fotos de Daniel Fonseca são prova disso mesmo.

O fotógrafo lisboeta, que já há mais de dez anos se dedica às lides da fotografia, trocou, recentemente, a camara digital pelo seu iPhone 4 e utiliza a Apps do aparelho para aumentar o poder de impacto das imagens que captura pelos caminhos que percorre no seu quotidiano. A passagem das camaras digitais para o iPhone surge por acaso mas o fotógrafo não aparenta estar minimamente arrependido pela troca.

Daniel, que considerava amador tirar fotografias com o telemóvel, é agora um praticante de excelência da iPhoneography – a arte de fotografar a partir do iPhone. O fotógrafo não só captura as imagens com o aparelho como também faz todos os ajustes no mesmo, utilizando, em 95% dos casos, a aplicação Camera Plus.



Daniel Fonseca sempre teve vontade de ver como resultariam as imagens, que o seu iPhone guarda, impressas. Daqui nasce a ideia de expor as mesmas. Uma vez selecionadas e impressas, as fotos encontram-se, até 30 de Setembro, em exposição no Pois, Café, em Lisboa.



O fotógrafo está satisfeito com o feed back positivo que tem recebido dos visitantes da exposição. O conteúdo da mesma está publicado no livro iPhoneography e disponível na página www.danielff.com.

Andreia Moreira

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Tatuagens - Linhas que marcam, traços que definem


              As tatuagens são marcas que, deliberada e indelevelmente, ornamentam o corpo. Esta forma de inscrição corporal, que esteve durante longos anos exclusivamente associada ao operariado, aos reclusos, aos jovens delinquentes ou a outras figuras ligadas aos guetos criminalizados e marginalizados, difunde-se hoje um pouco por todos os grupos da sociedade.

                As marcas corporais deixaram de ser um privilégio exclusivo dos grupos sociais ditos “alternativos” ou “marginais” e passaram a ser ostentadas por homens e mulheres de estatutos e grupos sociais diversos. Todavia é consensual que o uso de marcas corporais, neste caso específico, de tatuagens, apesar de se ter assistido a uma relativa democratização, com a emersão das “sub - culturas”, “contra-culturas” ou “tribos urbanas”, continua a não ser um assunto socialmente pacífico, nem mesmo em Portugal (o dito país dos brandos costumes).
                O uso da tatuagem continua a ser facilmente associado à criminalidade e à delinquência, prova disso são as senhoras que agarram as suas malas, com toda a força e pouca delicadeza, quando, na rua, se cruzam com um sujeito tatuado, ou todos aqueles que, mesmo tendo perdido a fé aos 12 anos de idade, erguem a prece: “ e livrai-nos de todo o mal. Ámen.”. Há mesmo quem chegue a encarar a tatuagem como um sinal de criminalidade inata. Para muitos ela põe a nu a insensibilidade dos “criminosos” face à dor e o seu gosto pelo ornamento.
                Ignora-se, talvez vezes de mais, a possibilidade da tatuagem poder ser uma marca na pele, do traço que na personalidade está bem vincado.

P.S.: Porque é de tatuagens e do seu poder de comunicar que estamos a falar deixo-vos a apresentação de um dos meus filmes preferidos (American History X) na esperança que esta vos deixe com vontade de ver o filme na sua totalidade. Tirem as vossas conclusões, formulem as vossas opiniões. Desfrutem. :)

Andreia Moreira