terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Montanha russa


               É grande a vontade. As pernas tremem sempre enquanto se caminha para aquele que se acredita ser um lugar seguro. O coração, com sede de adrenalina, pulsa descompassadamente. No estômago mil e um nó á espera de um looping ou outro para ser desfeito.

                 Toma-se uma posição. Ajusta-se o corpo ao lugar e deseja-se, com as forças que se tem, e até com aquelas que não se sabia ter, que tudo dê certo.

                A viagem começa. Prevê-se alucinante mas tem um início suave, calmo. Quem teve a coragem de nela embarcar sente-se agora ansioso, deseja mais mas teme o que possa vir a acontecer a seguir. Misturam-se as emoções num autêntico turbilhão. A paisagem ao redor transforma-se numa tela matizada de azul do céu e branco das nuvens e, numa mescla de lembrar o passado e querer antecipar o futuro, sobe-se cada vez mais e mais alto até...bem, até chegar ao ponto de não se poder subir mais. Como ficar “nas nuvens” é coisa para durar alguns segundos, advinha-se uma queda, neste caso vertiginosa.

                Depois de comparar um relacionamento a um bolo de chocolate, chegou a altura de confrontar a história do “Amo-te ao Não gosto nada de ti” a uma voltinha numa montanha russa. Não o faço porque não tenho mais nada para fazer, faço-o porque os devaneios são a minha “cena” e, felizmente, não falta quem goste de devanear tanto ou mais do que eu. Sendo assim, destemidos leitores, tomem lugar na fila. Vamos começar.

              
             Da historinha que acima vos falei, a parte mais intensa e proveitosa é aquela que é contada no prólogo. Um viva aos “gosto de ti”, aos “gosto muito de ti”, aos “gosto cada vez mais de ti”, aos “adoro-te”, aos “amoro-te” e vamos parando por aqui porque, dita o sentido conotativo que originalmente a língua portuguesa criou, quando chegamos ao “amo-te” a coisa ficou séria. É nesta escalada, ou melhor, nesta ascensão pelos carris da montanha, que se é abanado por um turbilhão de emoções e sensações. Cada um escreve uma introdução diferente. Não existem duas iguais. Se em alguns casos poucas linhas bastam, noutros ela estende-se, como se de um primeiro capítulo se tratasse. O que importa é escrevê-la bem. Tal como na montanha russa, é o que se sente antes de chegar ao topo que nos leva a querer repetir a experiência. A queda é só o momento em que a adrenalina se liberta. Já a sede foi apagada.

                A vontade de querer chegar ao cume é tão ou mais alta que o mesmo mas a velocidade a que se desce é assustadora, tal como o instante em que se passa do amo-te ao não gosto nada de ti.

                Nem todos conseguem prolongar a sua estadia no topo mas, os que descem instantaneamente, aprendem que há mais para além cume da montanha. É a ele que todos aspiram mas é o que vem depois que dá a serenidade para querer voltar ao fim da fila.

Andreia Moreira