quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Estado civil: Eu é que sei

Quem tem namorado é que sabe. E sabe o quê? Tudo. E, às vezes, o tudo é pouco para aquilo que sabe quem tem namorado.

Quem tem namorado sabe dar valor a uma mensagem de bom dia, de boa noite, aliás, quem tem namorado sabe dar valor às mensagens recebidas e enviadas a qualquer hora do dia. Quem tem namorado sabe, melhor do que ninguém, como é viver com o telemóvel na mão, como se uma extensão desta se tratasse, e narra, como poucos, a vulgaridade do seu dia.  Quem tem namorado sabe tudo do outro, mais até do que sabe de si. Diz saber o verdadeiro sabor de um beijo, conhecer o calor de um apaixonado abraço e, possivelmente, já não sabe o que é andar pela rua sem ter uma mão onde se possa agarrar. Quem tem namorado emociona-se com um episódio de Say yes to the dress, deixa-se deslumbrar pelo “Verdadeiro amor” da Swatch, que, de resto, é um adereço que envergonha os apreciadores da marca, não consegue evitar o arrepio cada vez que ouve a Celine Dion  cantar o seu My heart will go on e sabe muito bem como se finge uma dor de cabeça. Quem tem namorado é mestre na arte de usar diminutivos, é capaz de fazer Fernando Pessoa dar voltas no túmulo, só com as palavras que escreve, e consegue que os seus amigos o esqueçam, antes mesmo destes apagarem da memória o nome dos concorrentes de um qualquer reality show da TVI.
Quem tem namorado vive acorrentado e sabe disso. Quem tem namorado só não sabe uma coisa: viver bem consigo, só consigo.
Quem não tem namorado pouco sabe. É egoísta, egocêntrico, só sabe tirar férias dos outros para dedicar tempo a si. Quem não tem namorado é o orgulho da tia tarada, o desgosto dos avôs, a preocupação dos pais, o aborrecimento dos irmãos. Quem não tem namorado é incerto, inconstante e não tem um dia dedicado a si. Não é porque não mereça, mas não ficava bem premiar os valores daqueles que só por si se interessam.
Quem não tem namorado tem os dedos despidos, a caixa de mensagens vazia mas tem a agenda de contactos mais cheia, a vida mais cheia, o coração mais cheio. Mas cheio de quê? Cheio de felicidade partilhada, felicidade que não depende de um para acontecer, depende de muitos e que, por isso mesmo, se concretiza mais vezes.
 
Andreia Moreira
 
 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Dia dos Embeiçados


Quem tem namorado pode bem ser um embeiçado. Quem não tem, também. Os embeiçados gostam de gostar. Gostam de si, gostam dos outros e gostam que os outros gostem de si. Gostam de sorrir, gostam de viver e gostam que o viver os faça sorrir. Os embeiçados prezam as pequenas coisas, pois acreditam que é nelas que a vida ganha sentido, se enriquece e se torna grandiosa.

Os embeiçados rendem-se ao mais singelo raio de sol que os acorda numa manhã de Primavera, enamoram-se pela melodia da chuva que cai nas noites gélidas de Inverno e deixam-se encantar pelo barulho que acompanha cada um dos seus passos, sempre que pisam um chão de Outono. Os embeiçados sabem de memória o canto dos pássaros, conhecem o odor das flores, valorizam o cheiro da terra molhada.

Só é um verdadeiro embeiçado quem procura na simplicidade aquilo que é realmente belo, quem reconhece a pureza na rosa branca, quem busca por companhia em mãos dadas e dedos entrelaçados. Um embeiçado é alguém que nunca deseja um fruto pela metade, é alguém que coloca ao dispor dos seus, não um, mas dois ombros amigos, é alguém que conhece o poder de um abraço, a força reconfortante das palavras. O embeiçado sabe quanto vale a companhia dos amigos numa sala de cinema, numa mesa de café, num quarto de hospital.  O embeiçado recorda com sentimento tudo e todos e gosta de ser lembrado da mesma maneira. O embeiçado sabe tantas coisas, mas a que conhece melhor é a mais sublime forma de amar.
 

Amanhã é dia dos embeiçados!
Andreia Moreira

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Como sair da friendzone em menos de 10 dias?


Esta vai direitinha para todas as interessadas em almofadas em forma de coração, canecas com frases feitas, que na verdade são uma autêntica aberração, e em noites num motel em promoção, porém sem namorado. Resta-vos pouco mais de uma semana para se livrarem da friendzone, esse terreno de areia movediça onde, quanto mais se mexem para sair, mais se enterram.

Livrem-se do “Tenho medo de estragar a nossa amizade”, a não ser que queiram ouvir um “És como uma irmã para mim”. Apelem à competitividade e usem e abusem do efeito Copperfield, nada melhor do que aparecer um dia para desaparecer dois (ninguém gosta de ser ignorado sem saber o porquê). Deixem de ser “queridas”, usar lenços ao pescoço e sapatos rasos. Tratem bem, mas não idolatrem. Façam-nos rir, mas não sejam palhaças. Escondam a insegurança com uma base e um rimmel, apimentem os elogios, salguem as conversas. Façam o tempo correr para não serem corridas com o tempo, mas façam isto se, e só se, quiserem algo do género (deixar o olhar descair dois cm's)...caso contrário nem vale a pena o esforço.

 
Andreia Moreira